As exposições e os jurados

     Qualquer que seja a exposição em que haja um julgamento, o jurado é um dos assuntos prediletos: sua conduta, suas decisões, sua postura, suas atitudes, enfim, todos os movimentos e palavras do jurado estão sob julgamento. Me sinto muito à vontade para tratar desse assunto, pois há 33 anos circulo nesse meio: a primeira exposição de que participei foi em 1977, na primeira Exposição de Pequenos e Médios Animais de São Paulo, ainda no Parque da Água Branca, minha estréia nas pistas acompanhando meu saudoso pai, meu grande mestre nesse dentre tantos outros temas. Participei das exposições inicialmente como expositor, mais tarde também como jurado e umas tantas vezes apenas como visitante, na maioria dos estados do Brasil e em outros países, como Uruguai, México e Canadá, por exemplo.

     A escolha do jurado é uma decisão de grande importância, que tem impacto no momento, pois uma melhor ou pior classificação de um determinado animal pode influenciar diretamente em seu valor comercial, tanto para baixo como, principalmente, para cima, mas também tem importância a médio e longo prazo, direcionando o trabalho dos criadores.

     Nesse texto expresso minhas opiniões sobre dois tópicos relacionados a esse tema:  jurados brasileiros x jurados estrangeiros e julgamento com jurado único ou em comissão.

     Acredito que a participação de um jurado estrangeiro não significa nenhum demérito ou falta de reconhecimento pelos jurados brasileiros. Vejo duas finalidades básicas: trazer uma experiência diferente da nossa e a isenção de quem não tem relações comerciais com os expositores, não conhece nem os animais e nem os tratadores, e não participam de atividades comerciais como assistência técnica, consultoria e orientação de acasalamentos e assessoria em compras e vendas diretas e em leilões, por exemplo. Mas, para que esses objetivos sejam alcançados, é necessário buscar um jurado reconhecido em um país que tenha expressão na raça em questão. Também é importante entender o contexto em que o jurado trabalhou, ou seja, os animais que lhe foram apresentados, bem como entender bem os seus comentários, o que exige uma boa tradução, que nem sempre acontece. E uma vez tudo isso considerado, interpretar seus comentários e selecionar o que se aplica às nossas condições. Tomar como absoluta verdade o que um jurado estrangeiro fala é um erro tão grande quanto ignorar completamente suas opiniões. Devemos avaliar criticamente, mas sem preconceito. 

     Quanto a julgamentos com jurado único ou em comissão, sou francamente a favor da segunda alternativa, em qualquer uma das maneiras em que participo de um julgamento: como expositor, como platéia ou como jurado. A questão aqui é basicamente de ordem "prática", ou seja, disponibilidade de recursos para as despesas com os jurados e com a infraestrutura necessária para um julgamento em comissão. Em valores, um julgamento com jurado único pode custar algo entre 3 e 8.000, enquanto um julgamento com três jurados não sai por menos de 6.000, mas facilmente ultrapassa a casa dos 20.000. E nesse quesito me posiciono primeiro como expositor: é muito caro participar de uma exposição; e em seguida como jurado: por melhor que seja a remuneração, ainda é pouco diante da responsabilidade de julgar. Vale lembrar que a relação das pessoas com seus animais na maioria das vezes é passional e frequentemente existem interesses comerciais de curto, médio e longo prazo.

     Enfim, são essas minhas considerações sobre o tema que, ao meu ver, deve ser amplamente discutido.